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TikTok: desinformação sobre infertilidade

O TikTok no Brasil já se consolidou de vez, o que não é novidade para quase ninguém, não é mesmo? A rede social já ultrapassou a marca de mais de 1 bilhão de usuários ativos por mês ao redor do mundo! Aqui no país, de acordo com o DataReportal, a plataforma de vídeos conta com 74,1 milhões de usuários ativos.

No entanto, quando o assunto é saúde  e especificamente infertilidade, a rede segue sem filtros, sem curadoria e disseminando informações erradas. O alerta vem de um artigo publicado no Daily Mail recentemente.

Segundo a jornalista Rebecca Whittaker, o TikTok espalha desinformação sobre fertilidade, permitindo que os criadores de conteúdo aleguem erroneamente que chá de abacaxi caseiro é bom para quem está fazendo FIV, que mapas astrais e leituras astrológicas podem prever quem vai engravidar e que a redução do tempo de tela, os suplementos e as vitaminas podem aumentar as chances de concepção.

Postagens como essas, que envolvem “dicas de fertilidade” acumulam mais de um bilhão de visualizações, de “influenciadores de fertilidade” –  que publicam o que bem entendem, sem nenhum compromisso com a ciência ou com a vida humana.

Embora essas sugestões não sejam necessariamente perigosas para a saúde, os “influenciadores de fertilidade” estão dando esperanças falsas às pessoas, especialmente às mulheres, que podem estar dispostas a tentar qualquer coisa em sua busca por filhos.

O que diz o TikTok

O TikTok alega que não permite que as pessoas publiquem informações médicas incorretas que possam causar danos. O gigante da mídia social argumentou, no entanto, que as postagens sinalizadas pela reportagem do jornal “não são médicas”, portanto, não precisam ser precisas e nem precisam ser retiradas do ar.

O que se configura num grande absurdo, pois os “influenciadores de fertilidade” estão vendendo de tudo, recomendando testes hormonais e suplementos, sem o menor embasamento para tal.

“A enorme quantidade de informações erradas nas redes sociais pode tornar mais difícil para as mulheres que vivenciam problemas de fertilidade saber o que é correto. Isso sem contar na vulnerabilidade emocional da paciente, que busca todos os caminhos e soluções possíveis que estão ao seu alcance para alcançar a gravidez”, afirma o especialista em Reprodução Assistida, Pedro Peregrino, diretor da Clínica Venvitre.

Uma pesquisa do Royal College of Obstetricians and Gynecologists (RCOG) revelou que 76% de 1.000 mulheres com idades entre 18 e 65 anos não tinham certeza se as informações sobre fertilidade que encontram na Internet são imparciais ou parciais. Quase dois terços se sentiam sobrecarregadas com o grande volume de informações disponíveis nas redes sociais. Essa “batalha contra a desinformação nas mídias sociais” aumenta o já difícil desafio das lutas pela fertilidade.

Isso sem contar em marcas que vendem produtos específicos para a fertilidade – como chás, suplementos e pílulas completamente inúteis – e empregam o argumento de que esses produtos foram “desenvolvidos por médicos”. Esses produtos são frequentemente comercializados como “naturais”, mas isso não significa necessariamente que sejam seguros ou eficazes.

Fertilidade nas estrelas

Outra forma comum de exploração da fé do paciente infértil são as leituras astrológicas que visam dar esperança às mulheres que estão tentando engravidar. Há “influenciadores de fertilidade astrológicos” que afirmam prever o momento certo para tentar ter um bebê.

“O que é perigoso em tudo isso? É a desestabilização emocional que os falsos milagres podem causar no paciente. Em se tratando de infertilidade, não basta pensar positivo, não basta tomar uma vitamina, comer uma fruta, fazer uma simpatia. O que realmente funciona é buscar ajuda médica especializada o quanto antes”, defende Pedro Peregrino.

Pesquisar sobre infertilidade on-line é uma coisa natural, mas é vital que os casais ou indivíduos que desejam engravidar não recorram às fontes erradas. Usar as redes sociais como uma forma de buscar suporte pode ser incrivelmente útil, mas é bom desconfiar de qualquer “influenciador de fertilidade” que tente promover produtos específicos, tratamentos ou conselhos radicais online.

“E por mais que o TikTok alegue que esses vídeos não violam as diretrizes da comunidade, sabemos que eles colaboram com a desinformação, com o fortalecimento de mitos prejudiciais à saúde física e mental da paciente infértil”, defende o médico.

Contagem de espermatozoides e obesidade

O sobrepeso e a obesidade podem prejudicar a fertilidade masculina, mas o dano é reversível ao perder peso e mantê-lo, aponta um novo estudo, publicado na Human Reproduction.

Uma equipe de pesquisa dinamarquesa da Universidade de Copenhague descobriu que homens obesos que perdem peso podem aumentar a contagem de espermatozoides em até 40% em relação a quando estavam acima do peso.

Se eles mantiverem o peso, a qualidade do sêmen também aumentará, o que significa que as perdas de fertilidade causadas pelo excesso de peso não são permanentes.

O estudo mostra que a concentração e a contagem de espermatozoides melhoram após uma perda de peso induzida pela dieta em homens obesos.

As descobertas indicam que a liraglutida e os exercícios como estratégias de manutenção de peso podem ser usados para manter as melhoras na concentração e na contagem do esperma.

Entenda o estudo

Para realizar a pesquisa, os pesquisadores reuniram dados de 47 homens obesos. Todos tinham índices de massa corporal (IMC) elevados.

Cada um dos homens foi colocado em uma dieta de baixas calorias por oito semanas, perdendo uma média de 16 quilos por participante durante o período.

A contagem de espermatozoides foi medida antes e depois da dieta. Os pesquisadores descobriram aumentos substanciais na contagem de esperma durante o período do estudo.

Os homens foram então divididos em quatro grupos:

  • Um grupo foi aconselhado a se exercitar 150 minutos por dia;
  • Outro teve acesso a um medicamento para diabetes – liraglutida – que os médicos prescrevem aos pacientes para ajudar na perda de peso;
  • Um terceiro grupo foi aconselhado a manter os exercícios e recebeu a droga;
  • O quarto grupo era controle e não recebeu nenhuma ajuda para manter o peso.

Após um ano, metade dos homens havia recuperado o peso perdido e, por sua vez, a concentração de espermatozoides caiu novamente.

“Importante destacar que os homens que conseguiram manter o peso mantiveram suas contagens de espermatozoides altas, o que significa que o dano causado aos níveis de esperma, por ser obeso, pode ser permanentemente corrigido por uma dieta saudável e exercícios”, afirma o especialista em Reprodução Assistida, Pedro Peregrino, diretor da Clínica Venvitre.

Nem o exercício, nem o medicamento para diabetes sozinhos conseguiram melhorar a qualidade do sêmen de forma mais eficaz do que a perda de peso.

O estudo mostrou que o exercício sozinho ajuda a manter a perda de peso, mas que os parâmetros do espermograma não melhoraram mais do que a combinação de exercício, medicamento e do efeito bastante significativo da perda de peso induzida pela dieta inicial de 8 semanas. O mesmo foi observado em relação ao medicamento, nenhum efeito adicional foi registrado além das melhorias iniciais com a perda de peso induzida por dieta.

Como a infertilidade, a baixa contagem de espermatozoides e a diminuição dos níveis de testosterona são problemas prevalentes no mundo hoje, segundo outro estudo publicado recentemente, “devemos ficar atentos aos fatores de infertilidade que podemos controlar, como a dieta e a prática de exercícios, pois embora as preocupações com a infertilidade e a baixa contagem de espermatozoides sejam verdadeiras, elas podem ser revertidas e controladas com mudanças no estilo de vida”, afirma Pedro Peregrino.

Infertilidade masculina e estilo de vida

Durante muito tempo, a infertilidade foi considerada um “problema feminino”, mas com o tempo e a evolução da Reprodução Assistida, fomos aprendendo que a infertilidade masculina é responsável por quase 40% de todos os casos de infertilidade conjugal, com 50-60% dos casos atribuídos a uma combinação de fatores masculinos e femininos.

Estudos mostram que a contagem, a produção e a qualidade do espermatozoide vêm caindo ao longo do último meio século em todo o mundo. Um estudo francês descobriu que a concentração de espermatozoides diminuiu em um terço em apenas 16 anos.

Outros estudos europeus vêm fornecendo dados semelhantes, estimando que cerca de 10% dos homens são atualmente inférteis.

Os homens também estão pagando um preço reprodutivo alto em função  do estilo de vida moderno. Os estudos parecem sugerir que o estilo de vida moderno pode ser um dos “principais culpados” por esse declínio mundial na produção de espermatozoides. Mas, existem várias mudanças que você pode fazer para melhorar e preservar a fertilidade masculina.

Confira:

  • Conheça o seu risco de exposição: homens que vivem em áreas urbanas ou grandes cidades podem ter um risco maior de infertilidade devido à exposição ambiental. “Os ftalatos, produtos químicos encontrados em centenas de produtos domésticos são desreguladores endócrinos que podem alterar os níveis hormonais, incluindo a testosterona, e afetar negativamente a qualidade do espermatozoide”, explica o especialista em Reprodução Assistida, Alexandre Lobel, diretor da Clínica Venvitre;
  • Evite o superaquecimento: o espermatozoide requer uma temperatura muito específica para existir – cerca de 4 graus abaixo da temperatura do corpo de um homem. Enquanto o corpo masculino constantemente regula esse processo por meio de um músculo no saco escrotal, banheiras de hidromassagem e saunas podem superaquecer rapidamente essa região. Isso pode reduzir a contagem de espermatozoides e até matá-los. “Para manter a contagem alta, elimine as atividades que aquecem a região da virilha, incluindo exercícios extenuantes. Também é uma boa ideia limitar o ciclismo, pois a prática pode aumentar o peso na área próxima ao testículo, bloqueando o fluxo sanguíneo”, orienta o médico;
  • Cautela com o celular: diversos estudos conectaram a exposição ao telefone celular à infertilidade masculina. Especificamente, os telefones emitem uma radiação eletromagnética de radiofrequência mesmo quando não estão em uso; portanto, um homem que carrega um telefone celular no bolso corre o risco de apresentar morfologia (forma) e motilidade (movimento) anormais. O mesmo vale para laptops e tablets. Se você está tentando começar uma família, mantenha os aparelhos eletrônicos longe do colo;
  • Reduzir os níveis de estresse:  o estresse pode ter um impacto na fertilidade masculina, prejudicando os níveis hormonais. Se o estresse é um fator de infertilidade, é recomendável buscar ferramentas  para tratá-lo: meditação, massagem e acupuntura;
  • Não esqueça o básico: “o excesso de peso pode ser um fator importante na infertilidade masculina e feminina, portanto, uma alimentação saudável e exercícios regulares podem melhorar a fertilidade”, destaca Lobel. Álcool e drogas têm um impacto negativo na contagem e na qualidade do espermatozoide, portanto, eles devem ser eliminados vários meses antes de você começar a tentar formar uma família. A falta de sono também tem sido associada a problemas de fatores masculinos de infertilidade;
  • Façam uma consulta juntos: se você e seu parceiro estão tentando engravidar sem sucesso há um ano (seis meses, se você tiver mais de 35 anos), é hora de ambos consultarem um especialista. Uma análise seminal determinará a contagem, concentração, forma e movimento do espermatozoide. Se ele precisar passar por mais exames, um especialista em infertilidade masculina pode realizar testes hormonais e até testes genéticos para identificar o problema antes de recomendar o tratamento.

“E por fim, o mais importante: se na sua jornada para formar uma família, você descobrir que o seu parceiro precisa de ajuda para conceber, seja gentil com ele e não o culpe. Assegure-o de que vocês dois estão nisso juntos e estejam unidos em suas ações – isso pode significar ir a compromissos médicos juntos, comunicação aberta e lidar com as boas e más notícias”, destaca o diretor da Clínica Venvitre.

Infertilidade e Síndrome dos Ovários Policísticos

A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma causa comum de infertilidade. O distúrbio afeta os níveis hormonais, sendo bastante comum entre mulheres em idade reprodutiva.

A causa exata dessa condição ainda é desconhecida e, apesar de não existir cura, o diagnóstico e o tratamento precoces podem reduzir o risco de complicações a longo prazo, como a infertilidade.

Por esse motivo, conhecer os sintomas e os efeitos da SOP é importante para saber quando procurar um médico.

Quais os principais efeitos da SOP?

Os efeitos da Síndrome dos Ovários Policísticos na saúde feminina podem variar. Mas, de modo geral, os principais efeitos são:

Infertilidade

Ter o diagnóstico de Síndrome dos Ovários Policísticos não significa necessariamente que você não pode engravidar.

No entanto, essa é uma das razões mais comuns pelos quais as mulheres têm problemas de infertilidade.

“Isso ocorre porque o desequilíbrio hormonal interfere na ovulação, isto é, no crescimento e na liberação de óvulos pelos ovários. A maior parte das mulheres com SOP apresenta um quadro de anovulação crônica, isto é, ficam por muitos meses sem ovular”, explica o especialista em Reprodução Assistida, Sergio Gonçalves, diretor da Clínica Venvitre. Assim, a SOP faz com que a mulher não ovule ou libere um óvulo a cada mês. Como a ovulação não ocorre regularmente, não existe a produção cíclica de progesterona e os períodos se tornam irregulares, tornando menor as chances de engravidar.

Síndrome metabólica

“Além da irregularidade menstrual e da infertilidade decorrente da ausência de ovulação, a SOP pode trazer complicações sistêmicas, prejudicando a saúde em outros aspectos”, alerta o médico.

Pacientes com SOP podem desenvolver o que se conhece como síndrome metabólica, além de infertilidade. A síndrome metabólica compreende distúrbios como: hipertensão arterial, resistência à insulina (com risco de diabetes), obesidade e aumento das gorduras no sangue (colesterol e triglicerídeos).

Diabetes

Um dos efeitos da Síndrome dos Ovários Policísticos é a produção de quantidades de hormônios androgênicos acima do normal, o que pode afetar a qualidade dos óvulos, inibir a ovulação e até mesmo levar à resistência à insulina. Ou seja, quando isso ocorre, o corpo da mulher pode produzir insulina, mas não pode usá-la efetivamente. Como consequência dos níveis elevados de insulina, pode ocorrer obesidade e aumento do risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2. Embora seja possível evitar e gerenciar a diabetes tipo 2, com exercícios físicos e dieta adequada, a SOP é um forte fator de risco para o desenvolvimento da doença.

“Além disso, a síndrome também aumenta a chance de diabetes gestacional, que coloca a gravidez e o bebê em risco, podendo também aumentar as chances de desenvolvimento de diabetes tipo 2 mais tarde na vida, tanto para mãe quanto para o filho”, diz Sergio Gonçalves.

Pressão alta

Outro efeito da Síndrome dos Ovários Policísticos é o risco de hipertensão arterial, especialmente se a mulher estiver acima do peso. Isto mesmo: mulheres com o diagnóstico de SOP podem adicionar hipertensão à longa lista de complicações metabólicas que podem ocorrer por conta do distúrbio hormonal.

Se não for controlada, a pressão alta pode danificar os vasos sanguíneos e órgãos. As complicações da hipertensão incluem problemas de visão e danos nos rins, cérebro e coração. Vale salientar que a pressão alta é uma das principais causas de doenças cardíacas e derrames. Ou seja, mulheres com SOP correm maior risco de sofrerem com doenças cardíacas e esse risco aumenta com a idade.

Depressão

A Síndrome dos Ovários Policísticos é um distúrbio complexo que afeta muitos aspectos da saúde da mulher, incluindo a saúde mental. Além de infertilidade, pacientes com a doença têm uma probabilidade 3 vezes maior de serem diagnosticadas com ansiedade e depressão.

Apesar da conexão entre as condições não ser completamente compreendida, existem pesquisas que indicam que o motivo para isso pode estar relacionado aos distúrbios hormonais ou, ainda, a uma combinação de fatores ainda desconhecidos.

Casais LGBTQIAPN+: conheçam suas opções

Os casais LGBTQIAPN+ podem realizar o sonho de construir uma família com o auxílio das técnicas de reprodução assistida, que conferem a todos a possibilidade de terem filhos biológicos.

As possibilidades mais indicadas e com maiores taxas de sucesso são óvulos de doadora e útero de substituição (no caso dos homens), e sêmen de doador (no caso de mulheres).

Sendo assim, casais LGBTQIAPN+ devem procurar especialistas em reprodução humana, realizar investigação completa e encontrar o tratamento mais adequado de acordo com as possibilidades reprodutivas do casal.

Quais são as alternativas de reprodução assistida?

Casais masculinos

No caso de homoafetivos masculinos, o tratamento de escolha é o de Fertilização in Vitro (FIV). O primeiro passo é achar uma doadora de útero. Carinhosamente chamado de “barriga solidária”, o útero de substituição é um dos tratamentos indicados para casais masculinos. Neste caso, a doadora temporária que deve conceder o útero para receber a implantação do embrião precisa pertencer à família do casal. A ligação familiar pode chegar até o quarto grau: mãe, irmã, avó, tia e prima.

Para esse procedimento, os óvulos devem ser coletados através de ovodoação anônima, realizada em clínicas especializadas em reprodução humana. Apesar da doação de óvulos ser anônima, o casal LGBTQIAPN+  poderá ter acesso às informações a respeito da mulher doadora, embora não possa ver fotos. Além disso, é importante lembrar que as características físicas da  doadora, em geral, seguem “padrões” parecidos com a  do casal, ou pelo menos as características desejadas por eles.

“Para as etapas de útero de substituição, o casal será avaliado pela equipe médica, que vai determinar qual dos parceiros (um deles ou ambos) possui melhor qualidade seminal para o tratamento de fertilização in vitro. O material biológico do sêmen será coletado de um dos homens para as etapas de fertilização do óvulo em laboratório. Na próxima etapa, o embrião será transferido e implantado no útero da doadora”, explica a especialista em Reprodução Assistida, Paula Marin, diretora da Clínica Venvitre.

Casais femininos

Para casais homoafetivos femininos, há duas opções de tratamento: FIV ou inseminação intrauterina. Dentre elas, a FIV tem maiores chances de sucesso. O primeiro passo é o casal passar por uma investigação completa e decidir quem vai doar os óvulos e quem vai gestar. A depender do resultado da investigação, a mesma mulher pode doar os óvulos e gestar, sem nenhum problema. O segundo passo é adquirir um sêmen de doador, que nesse caso também é anônimo, assim como ocorre com as doadoras de óvulos. 

Novamente, todas essas orientações são guiadas por equipe médica especializada a fim de possibilitar condições adequadas para o casal LGBTQIAPN+.

Depois da etapa de avaliação, há a escolha do tratamento. Para a inseminação artificial, o sêmen adquirido será colocado no útero de uma das mulheres, com estimulação ovariana prévia. Para essa opção ser empregada, as trompas devem ser saudáveis.

“Outra alternativa muito procurada também por casais femininos é a FIV. Neste caso, há estimulação ovariana, captação dos óvulos em uma das mulheres, fertilização dos óvulos pelo sêmen escolhido, formação de embriões em laboratório e posterior transferência do embrião para o útero do mesmo cônjuge ou da parceira”, afirma a médica.

Se o desejo do casal for que uma delas doe os óvulos e a outra engravide, então o método indicado é a fertilização in vitro, já que os óvulos serão coletados de uma paciente e transferidos para a cavidade uterina da outra parceira do casal. Nesse tipo de tratamento, o material biológico masculino deve também ser coletado em bancos de doadores anônimos.

O “rejuvenescimento ovariano” é possível?

Os tratamentos de infertilidade podem ser muito intimidadores. Estamos habituados a tomar remédios na forma de comprimidos com um simples gole de água, então, adentramos num mundo de seringas, picadas de agulha e ultrassons – que podem acontecer diariamente, mudando a rotina e as nossas certezas.

E não é incomum que, nesse momento, pacientes em tratamento de infertilidade também se deparem no meio de suas jornadas com promessas, atalhos e  “novas formas de tratamentos”  que prometem  aumentar suas chances de sucesso de formar uma família.

Há algum tempo, temos notícias de  pacientes  que recorrem rotineiramente à acupuntura, fitoterapia, massagem, atenção plena e outras modalidades de tratamento alternativas, ao mesmo tempo que fazem o tratamento da clínica de reprodução assistida.

Se um tratamento sugerido não causa danos e se há  uma pequena chance de ajudá-los, os pacientes se sentirão compelidos a experimentá-los. Há um impulso de não deixar pedra sobre pedra, especialmente quando existe um limite no número de ciclos de fertilização in vitro que eles podem realizar.

E nos  últimos anos, o plasma rico em plaquetas (PRP) foi adicionado à lista de “terapias adjacentes” que alguns pacientes procuram na esperança de aumentar suas chances de sucesso com a fertilização in vitro.

Que tratamento é esse?

O tratamento com PRP pega uma pequena quantidade do próprio sangue do paciente – coletado da mesma maneira que para um teste de laboratório – e o gira em alta velocidade em uma centrífuga. Isso separa os diferentes componentes do sangue, produzindo uma porção de plasma com uma concentração muito alta de plaquetas.

Normalmente associamos as plaquetas à coagulação, mas elas também fazem parte do sistema imunológico do corpo e são essenciais para curar lesões. Como o PRP é derivado do seu próprio sangue, ele apresenta um risco menor do que outros tratamentos eletivos, como medicamentos ou cirurgias.

“O emprego do PRP não se originou nos tratamentos de infertilidade, mas, atualmente, é oferecido por outras especialidades. Na verdade, ele tem sido usado em dermatologia, cirurgia plástica, ortopedia e só recentemente começou a ser testado em reprodução humana assistida”, explica o especialista em Reprodução Assistida, Alexandre Lobel, diretor da Clínica Venvitre.

O emprego no  tratamento da infertilidade ocorre com a injeção do PRP em dois locais diferentes, geralmente antes ou durante um ciclo de fertilização in vitro. Primeiro, no útero, para apoiar o crescimento do revestimento endometrial e torná-lo mais receptivo à implantação de um embrião; e segundo, nos ovários, para apoiar o desenvolvimento de folículos mais saudáveis, capazes de produzir óvulos que podem eventualmente ser fertilizados para produzir embriões saudáveis.

“O problema é que o PRP é considerado um tratamento experimental no Brasil e não há evidência alguma de benefícios da sua prática no tratamento da infertilidade. Então só existe um contexto para a realização da prática desse procedimento invasivo: o paciente estar participando de um estudo clínico sobre o tema. E ele não pode ser cobrado por este procedimento”, afirma Alexandre Lobel.

O “rejuvenescimento ovariano” é possível?

Se você pesquisar on-line por informações sobre o PRP, encontrará várias clínicas usando a frase “rejuvenescimento ovariano”, sugerindo que o PRP pode tornar seus óvulos mais jovens. Voltando agora ao título do texto, vamos responder à pergunta central: o “rejuvenescimento ovariano” é possível?

“Ainda não. No mundo real, o que sabemos sobre a reserva ovariana é que as mulheres nascem com todos os óvulos que usarão durante toda a vida. E quando eles terminam, quando esse estoque se acaba, na menopausa, a gestação só é possível com a doação de óvulos ou por meio do descongelamento de óvulos, procedimento que deve ter sido feito anteriormente. Ou seja, até hoje, diante das possibilidades científicas e médicas que dispomos, não temos tecnologia para falar em rejuvenescimento ovariano. O uso de células-tronco e a terapia celular pode ser um caminho para isso”, informa o diretor da Venvitre.

E como já conhecemos todos os problemas decorrentes do envelhecimento feminino  –   mulheres com mais idade têm menor probabilidade de engravidar e essas gestações têm maior probabilidade de terminar em perda gestacional espontânea em decorrência do envelhecimento dos óvulos – temos que atuar preventivamente, falando em planejamento reprodutivo e congelamento de óvulos e não comercializando o “rejuvenescimento dos óvulos”.

Pacientes de infertilidade são pacientes vulneráveis. Eles não têm a capacidade de avaliar se um tratamento que está sendo oferecido é efetivo ou não. Acupuntura, suplementos vitamínicos são práticas vistas como de risco muito baixo, mesmo que não se mostrem eficazes. Mas a injeção de PRP nos ovários é um procedimento invasivo, que precisa de mais dados que suportem a sua prática.

Produção independente: entenda o que é

Se você sonha em ser mãe ou pai, mas ainda não encontrou um parceiro (a) para dividir a responsabilidade, ou mesmo, se deseja encarar o desafio sozinha (o), saiba que a produção independente pode ser um caminho para alcançar esse objetivo.

Graças aos avanços da medicina reprodutiva, hoje, em dia já é possível ter um filho sozinho (a). No entanto, existem muitas dúvidas sobre como funciona a produção independente ou gravidez monoparental.

O que é a produção independente?

Em primeiro lugar, é importante explicar o que significa “produção independente” ou gravidez monoparental, como também é conhecida.

“A produção independente possibilita que homens e mulheres consigam realizar sozinhos o sonho de ter um filho, sem ter obrigatoriamente um cônjuge. Em ambos os casos, é preciso recorrer a uma técnica de reprodução assistida, como é o caso da inseminação artificial ou da fertilização in vitro”, explica a especialista em Reprodução Assistida, Paula Marin, diretora da Clínica Venvitre.

Na medicina reprodutiva, a técnica utilizada para viabilizar a gravidez monoparental varia de acordo com a avaliação do especialista, que deve considerar as condições clínicas do paciente (homem ou mulher) e suas preferências.

Quais são as técnicas indicadas?

Na produção independente temos uma gravidez monoparental, ou seja, uma gestação com apenas um dos genitores, que pode ser o pai ou a mãe.

Esse tipo de gravidez envolve a utilização de gametas doados, sejam os óvulos ou os espermatozoides.

 A viabilização da gravidez monoparental funciona de forma diferente para homens e mulheres. Sendo assim, vamos esclarecer como mulheres e homens solteiros que desejam ter um filho podem realizar esse sonho através de tratamentos de reprodução assistida.

Mulheres solteiras que desejam ser mães

De modo geral, o especialista pode indicar a inseminação artificial ou inseminação intrauterina (o sêmen processado é colocado no útero após a ovulação), ou a fertilização in vitro (a produção do embrião é feita em laboratório).

Antes de indicar a técnica mais adequada, o médico especialista em reprodução assistida deve avaliar:

  • As condições das trompas;
  • A qualidade do sêmen do doador.

“Para que a produção independente seja bem-sucedida, as trompas devem ser pérvias. Da mesma forma, a qualidade da amostra de sêmen do doador é fundamental, pois em alguns casos a concentração e a motilidade dos espermatozoides inviabilizam ou diminuem as chances de sucesso do tratamento”, informa a médica.

Produção independente para homens

No caso dos homens, além de um óvulo doado, é fundamental uma “barriga solidária” ou uma “doadora de útero”. Esse tipo de tratamento também é conhecido como útero de substituição.

Para que isso seja possível, é preciso buscar uma mulher com parentesco de até quarto grau, que será responsável pela geração do bebê, mas sem direitos ou deveres em relação ao bebê após o nascimento.

“Em ambos os casos, seja para a produção independente feminina ou masculina, a FIV é uma das técnicas de reprodução assistida mais utilizadas”, observa a médica.

Como funciona ?

“Nesse caso, a FIV acontece por meio da doação de espermatozoides ou de óvulos. Após a fertilização realizada no laboratório, o embrião é transferido para o útero da mãe ou da barriga solidária”, explica Paula Marin.

Todas essas técnicas seguem as normas do Conselho Federal de Medicina. É importante lembrar que qualquer tratamento de reprodução assistida depende de uma série de fatores que devem ser avaliados individualmente. Por esse motivo, é fundamental consultar um especialista para obter esclarecimentos sobre o tema.

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