Mulheres inférteis, FIV e o mercado de trabalho
Uma em cada cinco mulheres inférteis declarou que o aspecto mais difícil de equilibrar o tratamento de fertilização in vitro (FIV) com o trabalho é ser forçada a tirar férias anuais para realizar as consultas e procedimentos,aponta uma pesquisa da seguradora Zurich.
A pesquisa revelou que 12% das mulheres inférteis que passam por uma fertilização in vitro estão abandonando suas carreiras devido à falta de apoio de seus empregadores, com quase uma em cada sete assumindo funções com salários mais baixos, e que mulheres em relacionamentos homoafetivos são duas vezes mais propensas a serem rebaixadas de função do que aquelas em relacionamentos heterossexuais.
Embora a maioria das mulheres inférteis não se sinta capaz de contar ao seu empregador sobre sua fertilização in vitro, 64% das que o fizeram disseram que isso facilitou sua experiência geral de tratamento, apontou a pesquisa.
No entanto, em alguns casos, as pessoas que optaram por compartilhar sua experiência de tratamento no trabalho apontaram o surgimento de comentários invasivos de seus colegas e gerentes. Estes incluíam insinuações de que elas eram “muito velhas” ou “muito jovens” para fazer o tratamento ou que poderiam ter evitado a necessidade de fertilização in vitro com melhores escolhas na vida.
Infertilidade e Mercado de Trabalho
Essa pesquisa é divulgada no mesmo momento em que começamos a observar o movimento de empresas no mundo todo concedendo benefícios que incluem os tratamentos de infertilidade e de preservação de fertilidade. Muitos empregadores estão incluindo a infertilidade em suas políticas empresariais.
Mesmo assim, as mulheres inférteis não se sentem à vontade para falar de seus tratamentos com chefes imediatos e colegas de trabalho, algo que pode contribuir para um estresse adicional ao próprio tratamento de Reprodução Assistida.
“Assim como respeitamos a licença maternidade e a licença paternidade, devemos compreender que a jornada para começar uma família é única para todos e começa bem antes. E que um trabalhador, ao decidir se tornar pai ou mãe, não deve temer perder o emprego ou se sentir sem apoio no local de trabalho”, afirma Sergio Gonçalves, especialista em Reprodução Assistida, diretor da Clínica Venvitre.
O fato de mais da metade das mulheres pesquisadas não se sentir à vontade para contar ao seu empregador sobre o tratamento de fertilização in vitro aponta um triste cenário, uma preocupante lacuna de gênero no mercado de trabalho.
“É inaceitável que a preocupação feminina com as questões de saúde reprodutiva e o tratamento de infertilidade esteja sendo silenciada por medo de não apenas atrapalhar a progressão na carreira, mas de perder o emprego. O tratamento de fertilização in vitro não é uma escolha, é um tratamento vital. As mulheres que passam por fertilização in vitro precisam de apoio de seus empregadores, em vez de enfrentar essa pressão adicional”, defende o diretor da Venvitre.