Mulheres com infertilidade e depressão
Mulheres com histórico de infertilidade, especialmente aquelas que nunca tiveram filhos, são mais propensas a desenvolver depressão e ansiedade na meia-idade do que mulheres sem o histórico de infertilidade, revela um estudo, apresentado durante o Congresso Anual da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva.
“Mulheres com infertilidade, incluindo aquelas que não engravidaram depois de tentar por pelo menos 1 ano, apresentaram um risco maior de desenvolver sintomas depressivos antes da menopausa”, afirma Sergio Gonçalves, especialista em Reprodução Assistida, diretor da Clínica Venvitre.
Neste estudo, os pesquisadores analisaram dados do Estudo de Saúde da Mulher em Toda a Nação (SWAN) para avaliar a relação entre infertilidade ou esterilidade involuntária com sintomas da menopausa.
As mulheres incluídas na análise tinham entre 42 e 52 anos, não estavam em uso de hormonioterapia, não estavam grávidas e tiveram pelo menos uma menstruação nos últimos 3 meses.
As participantes do estudo foram submetidas a uma consulta inicial e a 16 consultas de acompanhamento até 2017. Em cada consulta, os pesquisadores avaliaram as medidas físicas e realizaram uma avaliação detalhada do estágio e da transição da menopausa das pacientes. Avaliaram sintomas vasomotores e vaginais, sono, depressão e ansiedade.
Os pesquisadores incluíram 3.061 mulheres em sua análise. Da população total do estudo, 600 participantes tinham infertilidade e 127 não tinham filhos involuntariamente.
A idade média das mulheres incluídas no estudo foi de 46 anos, independentemente do seu estado de fertilidade. Cerca de 63% das mulheres sem infertilidade eram casadas ou tinham parceiros em comparação com 79% no grupo com infertilidade ou esterilidade involuntária.
Principais conclusões
Mulheres com infertilidade apresentavam um risco aumentado de distúrbios do sono durante o período pré-menopausa.
Embora houvesse um pequeno aumento do risco de secura vaginal entre as mulheres com infertilidade, as diferenças entre a maioria dos sintomas vasomotores ou vaginais não foram significativas.
O estudo baseou-se em dados autorrelatados para classificar as pacientes como inférteis ou involuntariamente sem filhos. Os pesquisadores também não tiveram acesso a informações sobre a causa da infertilidade das participantes do estudo.
“Os dados informados podem alertar ginecologistas que lidam com mulheres na menopausa a estarem atentos a este risco potencial de ansiedade e de depressão entre mulheres com infertilidade. É importante que elas possam receber um tratamento adequado nesta etapa da vida”, afirma Sergio Gonçalves.
Segundo o grupo de pesquisadores, novos trabalhos irão investigar sintomas de ansiedade e de depressão entre mulheres que tentaram usar tecnologias de reprodução assistida para engravidar e não conseguiram, além de examinar mais de perto como as causas da infertilidade podem influenciar esses sintomas.