Sua Jornada
Síndrome dos Ovários Policísticos
A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é um problema hormonal que ocorre durante os anos reprodutivos. Se você tem SOP, provavelmente não menstrua ou tem ciclos com intervalos muito longos. Você também pode ter a presença de um hormônio chamado andrógeno em níveis muito elevados em seu corpo.
Em mulheres com a Síndrome dos Ovários Policísticos há um desequilíbrio nos hormônios sexuais femininos. Esse desequilíbrio pode impedir o desenvolvimento e a liberação de óvulos maduros. Sem um óvulo maduro, nem a ovulação, nem a gravidez podem ocorrer.
O desequilíbrio hormonal também pode causar um aumento anormal da testosterona, hormônio sexual masculino. As mulheres também produzem testosterona naturalmente, mas em pequenas quantidades.
As estatísticas hoje apontam que a SOP afeta de 5% a 10% das mulheres entre 15 a 44 anos, sendo uma causa comum e tratável de infertilidade.
Causas da SOP
Os especialistas não sabem exatamente o que causa a SOP, mas a síndrome pode envolver fatores genéticos. Se a sua mãe ou irmã tem a condição, você tem uma chance maior do que outras mulheres de desenvolvê-la também.
Juntamente com uma ligação genética, o excesso de insulina no corpo também aumenta o risco de desenvolver SOP. A insulina é um hormônio que o pâncreas produz e o corpo usa para converter o açúcar dos alimentos em energia. As mulheres com SOP geralmente apresentam resistência à insulina. Essa resistência é a incapacidade do corpo de reduzir os níveis de açúcar no sangue. E se os níveis de açúcar no sangue ficam muito altos, a produção de insulina aumenta mais ainda, dando origem ao que chamamos, hoje, de Síndrome Metabólica.
Sintomas da SOP
Os sintomas da SOP geralmente começam na época da menarca, a primeira menstruação. Mas também podem se desenvolver mais tarde, depois que você ter menstruado há algum tempo.
Os sintomas variam. Mas o diagnóstico de SOP é feito quando você tem pelo menos duas dessas características:
- Períodos irregulares: ter poucos períodos menstruais ou ter períodos que não são regulares são sinais comuns de SOP. O mesmo acontece com períodos que duram muitos dias ou mais do que o normal para um período. Por exemplo, você pode ter menos de nove períodos por ano. E eles podem ocorrer com mais de 35 dias de intervalo. Se isso acontecer, você pode ter problemas para engravidar;
- Muito andrógeno: altos níveis do hormônio andrógeno (hormônio masculino) podem resultar em excesso de pelos faciais e corporais. Isso é chamado de hirsutismo. Às vezes, também podem ocorrer acne grave e calvície de padrão masculino;
- Ovários policísticos: seus ovários podem ser maiores. Muitos folículos contendo óvulos imaturos podem se desenvolver ao redor da borda dos ovários. E eles podem não funcionar como deveriam.
Além disso, os sinais e os sintomas da SOP são tipicamente mais graves em pessoas com obesidade.
Complicações causadas pela SOP
A SOP não é uma doença inofensiva. Dentre as suas complicações mais prevalentes estão:
- Infertilidade;
- Diabetes gestacional ou hipertensão induzida pela gravidez;
- Perda gestacional ou parto prematuro;
- Esteatose hepática, uma inflamação grave do fígado causada pelo acúmulo de gordura;
- Síndrome metabólica, um conjunto de condições, incluindo pressão alta, açúcar elevado no sangue e níveis prejudiciais de colesterol ou triglicerídeos que aumentam significativamente o risco de doenças cardíacas e dos vasos sanguíneos (cardiovasculares);
- Diabetes tipo 2 ou pré-diabetes;
- Apneia do sono;
- Depressão, ansiedade e transtornos alimentares;
- Câncer do revestimento uterino (câncer de endométrio).
A obesidade geralmente ocorre concomitantemente com a SOP e pode piorar as complicações da doença.
Diagnóstico da SOP
Pode levar tempo e pode ser necessário muita persistência para chegar a um diagnóstico de SOP, pois a doença é conhecida por ser subdiagnosticada ou mal diagnosticada.
Não existe um exame específico para diagnosticar a SOP. O especialista em Reprodução Assistida faz o diagnóstico com base em vários dados, que podem ser reunidos via:
- Exame físico;
- Histórico médico;
- Exames de sangue para níveis hormonais, glicose;
- Ultrassonografia.
Além dos exames acima, o especialista também pode solicitar exames para diagnosticar outras condições nas quais a menstruação irregular é comum, como doença da tireoide, hiperprolactinemia, síndrome de Cushing e hiperplasia adrenal congênita.
Infertilidade e SOP
A SOP pode afetar a fertilidade feminina de maneiras diferentes. Os problemas de ovulação geralmente são a principal causa de infertilidade em mulheres com SOP. A ovulação pode não ocorrer devido a um aumento na produção de testosterona ou porque os folículos nos ovários não amadurecem.
E mesmo que ocorra a ovulação, um desequilíbrio nos hormônios pode impedir que o revestimento do útero se desenvolva adequadamente para permitir a implantação do óvulo maduro.
Devido ao desequilíbrio hormonal, a ovulação e a menstruação podem ser irregulares. Os ciclos menstruais imprevisíveis também podem dificultar a gravidez.
Se você está preocupada com a impossibilidade de engravidar ou apresenta sintomas que possam indicar SOP deve consultar um especialista em Reprodução Assistida. E mesmo que não deseje engravidar agora, obter um diagnóstico precoce de SOP pode ajudar a prevenir complicações no futuro.
Existem muitas causas possíveis de infertilidade, mas ter a certeza do diagnóstico da SOP pode ajudar a direcionar o tratamento e melhorar as chances de conceber.
E mesmo que você engravide, também é essencial saber que a SOP está presente, pois estudos descobriram um risco maior de complicações na gravidez, tais como:
- Diabetes gestacional;
- Parto prematuro;
- Pressão alta na gravidez.
Tratamento da SOP
O tratamento da SOP requer uma equipe multidisciplinar – especialista em Reprodução Assistida, endocrinologista, nutricionista, dermatologista – e concentra-se em gerenciar as complicações ou sintomas que mais preocupam a paciente. Pode ser infertilidade, hirsutismo, acne ou obesidade.
Quase sempre, além dos medicamentos, cirurgias e procedimentos, o tratamento também envolve mudanças no estilo de vida. O especialista em Reprodução Assistida pode recomendar a perda de peso por meio de uma dieta de baixa caloria combinada com atividades físicas moderadas. Mesmo uma redução modesta de peso – por exemplo, perder 5% do seu peso corporal – pode melhorar a condição. A perda de peso pode aumentar a eficácia dos medicamentos para a SOP e pode ajudar na infertilidade. Seu médico, o endocrinologista e um nutricionista trabalharão juntos para te ajudar a determinar o melhor plano de perda de peso.
A acne também pode ser tratada com pomadas tópicas ou cremes antibióticos, bem como o crescimento excessivo de pelos, seguindo as recomendações de um dermatologista.
Infertilidade, gravidez e SOP
As pílulas anticoncepcionais orais são frequentemente administradas para corrigir alguns dos desequilíbrios hormonais provocados pela SOP e também podem ajudar a diminuir a acne e o crescimento excessivo de pelos, bem como regular o sangramento.
Porém, o seu uso para mulheres que desejam engravidar não está indicado, uma vez que o sangramento que está acontecendo todo mês não está relacionado à ovulação.
Mulheres com dificuldades para engravidar podem tomar um medicamento chamado citrato de clomifeno (Clomid, Indux, Serophene) para ajudá-las a ovular regularmente.
Em mulheres com SOP que tomam Clomid, cerca de 80% irão ovular em resposta à medicação e 30-40% ficarão grávidas.
O Letrozol é outro indutor de ovulação, classificado pela Sociedade Europeia de Reprodução Humana como tratamento de escolha para as mulheres com Síndrome dos Ovários Policísticos por ser mais efetivo que o clomifeno na indução da ovulação.
Mas se todos os ciclos com medicação oral e a injeção subcutânea não produzirem os efeitos desejados, o tratamento indicado é a fertilização in vitro. O procedimento precisa de acompanhamento muito próximo pois mulheres com a Síndrome dos Ovários Policísticos tendem à Síndrome da Hiperestimulação Ovariana, uma reação excessiva do organismo da mulher aos hormônios injetados durante o tratamento.
Dúvidas sobre infertilidade e SOP
Os níveis de testosterona feminina ou simplesmente androgênios, participam ativamente na produção de estrogênio. Por isso, têm papel importante na dominância folicular do ovário e no processo ovulatório.
No entanto, a testosterona em excesso e/ou em baixos níveis pode ser um obstáculo para quem deseja engravidar. Enquanto os baixos níveis de testosterona diminuem o desejo sexual, a testosterona em excesso pode impedir a ovulação e, consequentemente, a liberação do óvulo. Dessa forma, é impossível que ocorra a fecundação do óvulo pelo espermatozoide.
Para avaliar os níveis de testosterona no organismo da mulher, o médico pode solicitar exames de dosagem de testosterona livre e testosterona total. Ao ser constatado o desequilíbrio hormonal, o tratamento pode incluir suplementação de hormônios femininos ou suplementação de testosterona em casos específicos. O médico fará a escolha avaliando caso a caso.
A doença mais conhecida que se relaciona com excesso de testosterona é a Síndrome dos Ovários Policísticos, em que as mulheres têm um desbalanço hormonal, devido ao aumento dos andrógenos no sangue.
Dessa forma, a dificuldade para engravidar relacionada a testosterona tem tratamento. O ideal é buscar a orientação de um especialista em reprodução humana e infertilidade que possa fazer uma investigação detalhada e orientar quanto ao tratamento mais efetivo.
A infertilidade é definida como a incapacidade de ficar grávida após um ano de relações sexuais regulares e desprotegidas. A paciente deve procurar ajuda de um especialista após esse um ano de tentativa.
No entanto, em alguns casos, esse tempo para procurar ajuda não deve ser seguido, e isso acontece em casos em que há suspeita ou diagnóstico de doença que diminui a possibilidade de gravidez, que é o caso da Síndrome dos Ovários Policísticos.
A mulher com Síndrome dos Ovários Policísticos geralmente não ovula regularmente, ou seja, ela não irá engravidar se não fizer tratamento.
Tanto para mulheres que querem como as que não querem engravidar, a mudança do estilo de vida e perda de peso são de extrema importância. Em alguns casos, apenas a perda de peso já leva à ovulação e a gravidez ocorre naturalmente. Se a perda de peso não for suficiente, pode-se lançar mão de medicamentos para induzir a ovulação.
As mulheres com Síndrome dos Ovários Policísticos devem fazer uso das medicações indutoras de ovulação por alguns ciclos, geralmente iniciando pelas medicações via oral e seguindo para as gonadotropinas caso a gestação não seja alcançada.
No entanto, se os ciclos com indução de ovulação não estiverem levando à gestação, ou não se esteja conseguindo atingir ovulação adequada com esses medicamentos, ou mesmo se a paciente não quiser ou não puder esperar esses ciclos, a fertilização in vitro passa a ser o tratamento a ser escolhido.
Além da irregularidade menstrual e da infertilidade decorrente da ausência de ovulação, a SOP pode trazer complicações sistêmicas, prejudicando a saúde em outros aspectos.
Pacientes com SOP podem desenvolver o que se conhece como síndrome metabólica. A síndrome metabólica compreende distúrbios como: hipertensão arterial, resistência à insulina (com risco de diabetes), obesidade e aumento das gorduras no sangue (colesterol e triglicerídeos).
Estudiosos da doença sugerem que a resistência à insulina pode ser o fator subjacente responsável pelos sintomas díspares da SOP.
Em pessoas resistentes à insulina, o hormônio não transfere efetivamente a glicose do sangue para as células do corpo para ser usada como energia. À medida que os níveis de glicose no sangue aumentam, mais insulina é produzida para tentar baixá-la.
O excesso de insulina promove o armazenamento de gordura e pode resultar em ganho de peso e obesidade.Cerca de metade das mulheres americanas com SOP são obesas.
Talvez o maior desafio da SOP envolva a redução de peso. Perder 10% do peso corporal pode resultar em ciclos menstruais mais regulares e níveis reduzidos de testosterona.
Para mulheres com SOP, a dieta mais eficaz para atingir e manter a perda de peso é baixa em carboidratos, em vez da dieta pobre em gordura.
O exercício regular, moderado ou vigoroso, feito cinco ou mais vezes por semana associado a uma dieta balanceada e pobre em carboidratos, é uma parte importante do tratamento também.
Não há cura para a SOP. A melhor abordagem de tratamento é individualizada, dependendo dos objetivos de cada paciente.
Para mulheres com intervalos prolongados entre as menstruações ou pilosidade excessiva, ou ambos, anticoncepcionais contendo estrogênio e progestágeno são usados para regular o ciclo menstrual e suprimir a produção de andrógenos.
Frequentemente, o medicamento para pressão arterial espironolactona também é administrado para neutralizar a acne ou o hirsutismo causados por andrógenos em mulheres adultas.
Para uma mulher que está tentando engravidar é necessário um tratamento diferente. Duas drogas, clomifeno e letrozol, são comumente prescritas para estimular a ovulação. Ambos os medicamentos estimulam a hipófise a secretar hormônio folículo-estimulante (FSH), que aumenta o crescimento de pequenos folículos e, portanto, pode desencadear a ovulação.
A maioria das mulheres com SOP que se submetem à indução da ovulação concebem e têm filhos.
A síndrome dos ovários policísticos (SOP) pode ser um fator impeditivo da concepção e também um empecilho para uma gravidez viável. Existem vários riscos de infertilidade associados à SOP.
O risco geral de perda gestacional espontânea é de 10 a 15% para todas as mulheres. Estudos demonstraram que ter SOP aumenta o risco de perda gestacional espontânea, com taxas relatadas de até 30% a 50%.
Se você tem SOP e está fazendo um tratamento de Reprodução Assistida, como a fertilização in vitro (FIV) ou a inseminação intrauterina (IIU), você tem duas vezes mais chances de ter uma perda gestacional espontânea.
Na maioria dos casos, não é possível evitar uma perda gestacional espontânea.
Se estiver grávida, a melhor coisa que você pode fazer é seguir as recomendações do seu médico. Em muitos casos, a perda gestacional é devido a uma anormalidade genética.
Se um feto tem uma anormalidade cromossômica inviável, nada pode ser feito para evitar uma perda gestacional espontânea. Mas o que é importante saber? Saiba que é possível engravidar novamente e ter uma gravidez saudável, mesmo após perdas gestacionais recorrentes.
Nem sempre.
Irregularidades menstruais também podem ser causadas por outras condições, incluindo distúrbios da hipófise, responsável pela secreção dos hormônios FSH e LH, que regulam as funções dos ovários, ou na tireoide: os hormônios tireoidianos também interferem no processo reprodutivo.
O importante é sempre investigar a causa de irregularidade menstrual juntamente com o especialista em Reprodução Assistida.
Em situações normais, as mulheres ovulam todo ciclo menstrual. Isso quer dizer que, a cada ciclo, um óvulo amadurece e é liberado pelos ovários, para que seja fecundado. Caso a fecundação não ocorra, a mulher menstrua e o óvulo é eliminado naturalmente pelo corpo.
A anovulação é definida como ciclos menstruais com mais de 60 dias de intervalo. Esse fenômeno ocorre quando existem falhas na ovulação e/ou no ciclo menstrual da mulher, ou seja, a mulher não ovula, não libera o óvulo para a fecundação.
Isso é bastante comum em meninas que entraram recentemente na vida fértil ou nas mulheres que estão iniciando o período da menopausa. Porém, quando isso ocorre durante a vida reprodutiva da mulher, devemos ficar atentos. Ciclos maiores do que 45 dias chamam atenção e devem ser investigados.
A irregularidade menstrual é o principal sintoma da SOP. Porém, apenas isso não é suficiente para diagnosticar a doença. A anovulação também pode acontecer em casos de baixo peso, obesidade, aumento de prolactina, hipertireoidismo etc.
É por isso que uma consulta a um médico especialista é sempre tão relevante para diagnosticar o problema corretamente.
Como a anovulação possui diversas causas (obesidade, peso muito baixo, síndrome dos ovários policísticos, prática intensa de exercícios físicos, problemas na tireoide e hiperprolactinemia), a mulher precisa de acompanhamento médico para identificar a razão da sua falta de ovulação, e, consequentemente, seguir o tratamento médico indicado.
Além dos tratamentos para cada situação, a reprodução assistida, como o coito programado com estimulação ovariana e a fertilização in vitro (FIV) também podem ser indicados para a anovulação.
A Síndrome do Hiperestímulo Ovariano (SHO) é uma complicação decorrente dos medicamentos (hormônios) usados para a estimulação dos ovários.
Desta forma, os indutores de ovulação são utilizados para aumentar os números oócitos (óvulos) produzidos no ciclo. E assim, melhorar as chances de sucesso no tratamento da fertilização In vitro ou de congelamento de óvulos.
Nesse sentido, a Síndrome da Hiperestimulação Ovariana é uma resposta exacerbada dos ovários ao estímulo hormonal, resultando em um crescimento de óvulos maior do que o esperado.
O desenvolvimento da síndrome depende da resposta de cada paciente ao estímulo do tratamento.
Nesse sentido, os especialistas em medicina reprodutiva costumam monitorar, através de ultrassons e dosagens hormonais, a resposta de cada mulher, podendo modificar a quantidade e tipo de medicação, conforme a necessidade.
Não há como prever se alguém sofrerá de hiperestímulo, nem como vai responder aos indutores. No entanto, há um grupo com maior probabilidade de ter uma resposta exagerada. Conheça alguns fatores de risco da Síndrome do Hiperestímulo Ovariano:
- Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP);
- Mulheres com menos de 35 anos de idade;
- Mulheres muito magras, com peso corporal baixo;
- História de SHO anterior;
- Pacientes com problemas renais;
- Pacientes com alta contagem de folículos antrais;
- Altos níveis de hormônio anti-mulleriano.