Fadiga é um sintoma subestimado da endometriose
A fadiga é um sintoma comum, mas subestimado, da endometriose, de acordo com os resultados de um estudo internacional com mais de 1100 mulheres, publicado na Human Reproduction , uma das principais revistas de medicina reprodutiva do mundo.
“O estudo descobriu que a prevalência de fadiga foi mais que o dobro em mulheres diagnosticadas com endometriose, em comparação com aquelas que não foram afetadas pela doença, e permaneceu significativa após os resultados serem ajustados para outros fatores que podem desempenhar um papel na fadiga, como dor , insônia, estresse ocupacional, depressão, IMC e maternidade”, afirma o especialista em Reprodução Assistida, Alexandre Lobel, diretor da Clínica Venvitre.
Embora a fadiga crônica seja conhecida por ser um dos sintomas mais debilitantes da endometriose, ela não é amplamente discutida e poucos estudos grandes a investigaram. Para melhorar a qualidade de vida das mulheres com essa condição, investigar e abordar a fadiga deve se tornar parte da rotina do atendimento médico. Os médicos devem investigar e abordar esse problema quando estiverem discutindo com seus pacientes as melhores maneiras de manejar e tratar a doença. Também ajudaria essas mulheres se fossem tomadas medidas para reduzir a insônia, a dor, a depressão e o estresse ocupacional.
Sobre a endometriose
A endometriose é uma condição na qual as células endometriais que formam o interior do útero também crescem em outras áreas da região pélvica, como os ovários e a cavidade abdominal.
“Os principais sintomas são dor e infertilidade, embora nem todas as mulheres tenham todos esses sintomas. Não se sabe o que a causa, mas é uma doença ginecológica comum com prevalência global entre 6-10%. Pode ser tratada com medicamentos, como anti-inflamatórios e hormonioterapia, e com cirurgia”, explica Alexandre Lobel, diretor da Venvitre.
Para fazer o estudo, os pesquisadores recrutaram 1.120 mulheres, 560 com endometriose pareadas com 560 sem endometriose, de hospitais e consultórios particulares na Suíça, Alemanha e Áustria, entre 2010 e 2016. As mulheres preencheram um questionário que as inquiria sobre vários fatores relacionados à qualidade de vida e à endometriose, bem como histórico médico e familiar, estilo de vida e transtornos mentais. Fadiga e insônia foram categorizadas em cinco níveis diferentes, variando de 1 (nunca) a 5 (muitas vezes).
Os cientistas descobriram que 50,7% das mulheres diagnosticadas com endometriose sofriam de fadiga frequente em comparação com 22,4% das mulheres sem a doença. A fadiga com endometriose também foi associada a um aumento de mais de sete vezes na insônia, um aumento de quatro vezes na depressão, um aumento de duas vezes na dor e um aumento de quase 1,5 vezes no estresse ocupacional. A idade, o tempo desde o primeiro diagnóstico e o estágio da doença não foram associados à fadiga.
Os pesquisadores dizem que uma possível razão pela qual a endometriose pode causar fadiga, independentemente dos outros fatores, é que as lesões endometriais podem causar uma inflamação que ativa o sistema imunológico. A exposição crônica ao alto estresse pode resultar em fadiga adrenal.