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Sua Jornada

Endometriose


Todos os meses é a mesma história: dor pélvica crônica, períodos dolorosos e o positivo que não vem…

Dentre os sintomas acima, a cólica menstrual incapacitante ou dismenorreia, é o que mais afeta a qualidade de vida. A menstruação dolorosa interfere no dia a dia de cerca de uma em cada cinco mulheres, de acordo com a Academia Americana de Médicos de Família.

O pesquisador John Guillebaud, da University College de Londres, afirma que as pacientes escrevem a dor da cólica como “quase tão ruim quanto ter um ataque cardíaco”.

Todos os sintomas sobre os quais falamos até agora podem indicar a presença da endometriose, uma doença crônica comum, debilitante, mas muitas vezes ignorada, que afeta 1 em cada 10 mulheres e pode afetar todas as áreas da vida, incluindo saúde mental, carreira e relacionamentos.

Sintomas da endometriose

A endometriose é uma condição em que células semelhantes às que revestem o útero internamente (endométrio) são encontradas em outras partes do corpo. Todos os meses, essas células reagem ao ciclo menstrual da mesma forma que as do útero, acumulando-se e depois sangrando.

A principal teoria para o desenvolvimento da doença é que, ao contrário das células do útero que saem do corpo em forma de menstruação, esse sangue não tem como sair do organismo. Isso leva à inflamação, dor e formação de tecido cicatricial, o que chamamos de aderências. Os sintomas da endometriose podem variar em intensidade de uma mulher para outra. Enquanto para algumas a doença pode não apresentar sintomas, para outras ela pode ser debilitante. Mas nem todas as pessoas sofrem com todos os sintomas:

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Cólica menstrual (dismenorreia):

A dor pélvica e as cólicas podem começar antes do sangramento e se estender por vários dias. A mulher também pode relatar dor lombar e abdominal.
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Dor durante a relação sexual (dispaurenia):

A dor profunda durante ou após o sexo é comum na endometriose.
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Dor ao evacuar ou urinar:

mais provável que a mulher experimente esses sintomas durante o período menstrual.
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Sangramento excessivo:

A mulher pode experimentar períodos menstruais intensos ou sangramento entre as menstruações(sangramento intermenstrual).
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Infertilidade:

Muitas vezes, a endometriose é diagnosticada pela primeira vez quando o quadro de infertilidade é investigado.
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Outros sinais e sintomas:

Fadiga, diarreia, constipação, inchaço ou náusea, especialmente durante os períodos menstruais.

    Causas da endometriose

    A medicina moderna não conhece ainda a causa exata para o aparecimento da endometriose, mas as possíveis explicações incluem:
    Menstruação retrógrada
    O sangue menstrual contendo células endometriais flui pelas trompas e atinge a cavidade pélvica em vez de sair do corpo. Essas células endometriais aderem a estruturas e órgãos pélvicos, onde crescem e continuam respondendo aos hormônios ao longo de cada ciclo menstrual.
    Transformação de células peritoniais
    Conhecida como “teoria da indução”, propõe que hormônios ou fatores imunológicos promovem a transformação das células peritoneais – células que revestem o lado interno do abdômen – em células semelhantes às do endométrio.
    Transformação de células embrionárias
    Hormônios como o estrogênio podem transformar células embrionárias – células nos primeiros estágios de desenvolvimento – em implantes de células semelhantes ao endométrio durante a puberdade.
    Implantação de cicatriz cirúrgica
    Após uma cirurgia, como histerectomia ou cesariana, nas quais o útero é aberto e o endométrio exposto, as células endometriais podem aderir por contato direto à incisão cirúrgica, originando os endometriomas de cicatriz.
    Transporte de célula endometriais
    Os vasos sanguíneos ou o sistema de fluido tecidual (linfático) podem transportar células endometriais para outras partes do corpo.
    Distúrbio do sistema imunológico
    Um problema com o sistema imunológico pode tornar o corpo incapaz de reconhecer e destruir o tecido semelhante ao endométrio que está crescendo fora do útero, assim como as células que chegam à cavidade abdominal pela menstruação retrógrada.

    Fatores de risco para a endometriose

    Vários fatores colocam você em maior risco de desenvolver endometriose, tais como:
    Fatores de risco para a endometriose
    • Nunca ter engravidado;
    • Ter tido a menarca (primeira menstruação) em uma idade precoce;
    • Passar pela menopausa em uma idade mais avançada;
    • Ciclos menstruais curtos – por exemplo, menos de 27 dias;
    • Períodos menstruais intensos que duram mais de sete dias;
    • Ter níveis mais altos de estrogênio em seu corpo;
    • Índice de massa corporal baixo;
    • Um ou mais parentes (mãe, tia ou irmã) com endometriose;
    • Qualquer condição médica que impeça a passagem de sangue do corpo durante os períodos menstruais.

    Diagnóstico da endometriose

    A endometriose geralmente se desenvolve vários anos após a primeira menstruação (menarca). Os sinais e sintomas da doença podem melhorar temporariamente com a gravidez ou com o uso de pílulas anticoncepcionais e, na maioria dos casos, desaparecer completamente com a menopausa, a menos que a mulher faça reposição hormonal com estrogênio.

    Para diagnosticar a endometriose, o especialista leva em conta os sintomas que a mulher relata, incluindo a localização da dor e quando ela ocorre. Os principais exames para o diagnóstico de endometriose são:

    Exame pélvico
    Durante o exame pélvico (toque vaginal), o médico sente manualmente (palpa) áreas da pelve em busca de anormalidades, como cistos, espessamentos ou nódulos nos órgãos reprodutivos e estruturas próximas. Muitas vezes, no entanto, não é possível detectar pequenos focos de endometriose, a menos que eles tenham causado a formação de um cisto ou nódulo.
    Ultrassom
    Para produzir imagens, um dispositivo chamado transdutor é pressionado contra o abdômen ou inserido na vagina. Ambos os tipos de ultrassom podem ser feitos para a avaliação dos órgãos reprodutivos. A ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal realizada por profissional capacitado pode fornecer imagens muito precisas que indicam o tipo e a localização dos focos de endometriose, principalmente aquelas que acometem os ovários (formando cistos geralmente denominados “endometriomas”) e as formas profundas que envolvem intestinos, bexiga e a parede que separa a vagina do reto (septo retovaginal).
    Ressonância magnética (RM)
    A ressonância magnética fornece informações detalhadas sobre a localização e o tamanho dos implantes endometriais, ajudando no planejamento cirúrgico nos casos em que a cirurgia é indicada.
    Laparoscopia
    Em alguns casos, o médico pode encaminhá-la a um cirurgião para um procedimento que permite visualizar o interior do seu abdômen: a laparoscopia. Enquanto você está sob anestesia geral, o cirurgião faz uma pequena incisão perto do umbigo e insere o laparoscópio procurando por sinais de tecido endometrial fora do útero. Uma laparoscopia pode fornecer informações sobre a localização, a extensão e o tamanho dos implantes endometriais. Esta é a chamada videolaparoscopia diagnóstica, atualmente pouco realizada, pois, com o uso de métodos avançados de imagem como a ressonância magnética, a videolaparoscopia costuma ser indicada já para o tratamento da doença, isto é, remoção de focos de endometriose diagnosticados pelos exames de imagem.

    Endometriose e infertilidade

    Se você tem endometriose é possível que tenha alguma dificuldade para engravidar. Entre 30% a 50% das mulheres com endometriose podem apresentar infertilidade. Isso porque a endometriose pode influenciar a fertilidade de várias maneiras:

    1. Alterações Anatômicas

    A doença moderada ou grave geralmente leva a aderências peritubárias ou periovarianas, comprometendo a motilidade tubária e a captura do óvulo, ou seja, prejudicando a função das trompas.

    2. Fatores Imunológicos

    O fluido peritoneal de mulheres com endometriose tem um nível anormalmente alto de citocinas pró-inflamatórias, prostaglandinas, fatores de crescimento e outras células inflamatórias, que provavelmente participam da etiologia ou sustentação dos implantes de endometriose. É possível que tais alterações inflamatórias afetem negativamente a motilidade espermática, os ovários, a fertilização, a sobrevivência do embrião e a função tubária.

    3. Implantação

    Estudos de perfil genético descobriram que a resistência à progesterona no nível do endométrio pode afetar negativamente a implantação do embrião.

      Tratamento da endometriose

      O tratamento da endometriose associada à infertilidade precisa ser individualizado para cada mulher.

      Não há respostas fáceis e as decisões de tratamento dependem de fatores como a gravidade da doença e sua localização na pelve, a idade da mulher, a duração da infertilidade e a presença de dor ou outros sintomas. Vamos saber mais!

      Tratamento para endometriose superficial

      Tratamento para endometriose superficial:

      O tratamento medicamentoso pode aliviar a dor associada à doença em muitas mulheres. A remoção cirúrgica das lesões por laparoscopia também pode reduzir a dor temporariamente, além de aumentar a chance de gravidez natural.

      Para o tratamento da infertilidade associada à endometriose superficial, o coito programado e/ou a inseminação intrauterina são frequentemente as alternativas terapêuticas indicadas e têm uma chance razoável de resultar em gravidez se outros fatores de infertilidade não estiverem presentes.

      Se a inseminação intrauterina não for bem-sucedida em cerca de três ciclos, a fertilização in vitro deve ser considerada.

      Tratamento para endometriose profunda

      Tratamento para endometriose profunda:

      A endometriose profunda pode distorcer muito a anatomia pélvica, reduzindo consideravelmente as chances de sucesso de tratamentos mais simples para engravidar, como o coito programado e a inseminação intrauterina. Em tais casos, o tratamento geralmente indicado para engravidar é a fertilização in vitro.

      Um estudo recente não encontrou nenhuma diferença nos resultados da gravidez em pacientes com endometriose comparando dois grupos: mulheres submetidas a fertilização in vitro para infertilidade por fator masculino e pacientes não inférteis submetidas a testes genéticos pré-implantação para doenças genéticas.

      Taxas de sucesso da gravidez

      As chances gerais de gravidez bem-sucedida são boas após o tratamento individualizado da endometriose. 

      É preciso saber que o tratamento cirúrgico da endometriose precisa ser muito bem indicado e seus riscos e consequências ponderados, pois dependendo do tipo e da localização dos focos, poderá haver impacto sobre a fertilidade futura da mulher.

      Há evidências de que a remoção de endometriomas (cistos ovarianos de endometriose) pode comprometer a reserva ovariana. O aconselhamento do especialista em Reprodução Assistida aqui é fundamental.

      E, por fim, as mulheres devem entender que a gravidez não é a cura para a doença. Ela geralmente alivia os sintomas da endometriose devido aos níveis elevados de progesterona, que se opõem aos altos níveis de estrogênio que sustentam os focos de endometriose.

      Importante dizer também que há uma diretriz da  ESHRE que recomenda que as pacientes não devem buscar a gravidez com o único objetivo de tratar a endometriose.

      Dúvidas sobre infertilidade e endometriose

      Mulheres que têm endometriose devem congelar óvulos?

      O congelamento de óvulos para mulheres acometidas pela endometriose tem o objetivo de tentar preservar o potencial reprodutivo quando o tratamento da doença requer intervenções que podem comprometer a fertilidade.

      A decisão pelo congelamento de óvulos pode ser uma opção interessante para mulheres com indicação de tratamento cirúrgico, notadamente os casos com indicação de remoção de cistos de endometriose nos ovários (por sintomas ou volume dos cistos).

      A técnica do congelamento de óvulos mantém os gametas femininos armazenados para serem eventualmente utilizados futuramente no tratamento de fertilização in vitro (FIV) no momento definido pela paciente.

      Qual a incidência de endometriose entre as mulheres em idade fértil?

      Os estudos científicos apontam que a endometriose atinge aproximadamente 10% das mulheres em idade fértil no Brasil, sendo que uma parte só descobre quando tenta engravidar e não consegue.

      Por essa razão, o diagnóstico precoce é fundamental para evitar o agravamento da doença, que pode causar infertilidade.

      Por que existe uma demora para se chegar ao diagnóstico da endometriose?

      É muito importante que uma mulher que sinta dor pélvica crônica ou outros sintomas de endometriose, converse com um ginecologista.

      Os sintomas da endometriose podem começar na puberdade e, em alguns casos, o impacto da doença pode perdurar por toda a vida, inclusive após a menopausa, sem contar na fase reprodutiva, que pode ser seriamente impactada pela doença.

      No passado, os sintomas da endometriose podem ter sido considerados como “normais” ou “não graves”, mas esses conceitos estão sendo superados na prática clínica. A cólica não é mais considerada uma “queixa menor”.

      Como o tempo médio para o diagnóstico da endometriose é de oito anos, é necessária uma ação urgente para garantir que todas as mulheres afetadas pela doença tenham um diagnóstico imediato e acesso aos cuidados adequados. 

      O diagnóstico da endometriose é um problema grave de saúde pública. O diagnóstico precoce é amplamente justificado pela possibilidade de tratamento imediato,  recuperação das pacientes, redução dos quadros álgicos e possibilidade de tratamento da infertilidade, presente em aproximadamente 50% das pacientes com idade jovem.

      Qual a relação entre endometriose e infertilidade?

      Uma dúvida comum é se quem tem endometriose pode engravidar. A infertilidade pode acontecer na endometriose superficial (quando as lesões têm menos de 5mm de espessura), na endometriose profunda (quando as lesões têm mais de 5mm de espessura) e na endometriose ovariana.

      Existem várias explicações que relacionam a endometriose com a infertilidade. Sabemos que 30% a 50% das mulheres com a doença terão alguma dificuldade para engravidar. 

      Uma das explicações é que a endometriose forma aderências ou fibroses dentro da pelve, mudando a posição normal dos órgãos e dificultando o encontro do óvulo com o espermatozoide.

      Outras teorias sugerem que exista um problema na qualidade do óvulo ou uma dificuldade na receptividade do embrião formado.

      Sendo assim, para que a mulher com endometriose consiga engravidar naturalmente é preciso considerar o grau de comprometimento dos órgãos reprodutores acometidos.

      Em muitos casos, após o tratamento, por exemplo a laparoscopia (cirurgia para endometriose), a mulher consegue engravidar naturalmente. Em outros, pode ser necessária a realização de tratamentos de fertilidade assistida, como a FIV (fertilização in vitro).

      Endometriose tem cura?

      Não. A endometriose é uma doença crônica. Por isso é essencial pensar na qualidade de vida da mulher.

      Apesar da endometriose não ter cura, mulheres mais jovens podem utilizar medicamentos como a pílula anticoncepcional, se não houver desejo reprodutivo.

      Em outras situações pode ser indicada cirurgia para retirada das lesões e, nos casos de infertilidade, podemos indicar a fertilização in vitro.

      Ainda, a menopausa e consequente queda na produção de hormônios femininos provoca a regressão da doença.

      Nas mulheres com endometriose, a FIV tem mais chances de falhar?

      Não. A fertilização in vitro (FIV) inclusive pode ser um dos tratamentos indicados, casos a mulher expresse o desejo de ser mãe.

      Sabemos que mulheres com endometriose não diagnosticada terão dificuldades para engravidar sem a fertilização in vitro,  FIV,  aponta um  estudo  da Universidade de Queensland, na Austrália.

      A pesquisa  revela que as mulheres cuja endometriose não foi diagnosticada até o início do tratamento de fertilidade acabam fazendo mais ciclos, fazem tratamentos não recomendados e são menos propensas a ter um bebê.

      Por outro lado, o estudo também apontou que as mulheres que foram diagnosticadas apropriadamente com endometriose, antes do tratamento de fertilidade, tiveram os mesmos resultados que aquelas sem a doença.

      Adenomiose é a mesma coisa que endometriose?

      A adenomiose é uma patologia caracterizada pelapresença de tecido do endométrio (camada interna do útero), na camada muscular uterina. Essas lesões podem ser focais ou difusas e causam o espessamento nas paredes do útero.

      Os principais sintomas são: cólicas fortes, fluxo menstrual aumentado, aumento do volume uterino. É reconhecida como uma subclassificação da endometriose, a doença tem relação com a infertilidade feminina, provocando dificuldades para engravidar.

      Por que a adenomiose causa infertilidade?

      Mais comum em pacientes acima de 40 anos, a adenomiose é uma doença inflamatória provocada por células localizadas no tecido que reveste o útero e, assim como a endometriose, ela pode ter impactos negativos na fertilidade feminina.

      Estudos científicos apresentam evidências da relação entre a adenomiose com os casos de infertilidade feminina. Isso é possível porque a doença causa anomalias na parede uterina, o que provoca dificuldades para a nidação, ou seja, causa falhas ou dificultam a implantação embrionária.

      Como é o tratamento da adenomiose?

      Para o tratamento da doença, deve-se analisar a intensidade dos sintomas e as necessidades da paciente em relação ao sonho de uma gestação futura. Em alguns casos, a adenomiose pode ser tratada com medicação anti-inflamatória e terapias hormonais. 

      Já em outras situações, dependendo das condições clínicas da paciente, a equipe médica pode recomendar métodos cirúrgicos para a remoção do excesso de tecido endometrial ou até mesmo a cirurgia para retirada do útero (histerectomia).

      Claro que em casos de infertilidade, a histerectomia não é uma boa opção. Na maioria das vezes, indica-se a fertilização in Vitro (FIV) e, a depender da gravidade da adenomiose, usa-se protocolos especiais antes da transferência de embrião.

      A endometriose acaba após a menopausa?

      Para a maioria das mulheres, sim! Isso ocorre porque os ovários param de produzir o estradiol após a menopausa, sendo este o hormônio responsável pelo crescimento das lesões de endometriose.

      Já mulheres que fazem terapia hormonal, após a menopausa, podem ter sintomas de endometriose, e é importante conversar com o ginecologista sobre os tratamentos, caso a caso.

      Se você chegou até aqui, já sabe que não deve concluir que uma mulher com endometriose é infértil. O diagnóstico não é uma sentença. Muitas mulheres engravidam sem a necessidade de nenhum tratamento específico, mas, considerando as potenciais repercussões da doença, pacientes com endometriose devem ser cuidadosamente avaliadas e orientadas. As opções terapêuticas hoje são muito eficazes, especialmente a cirurgia e a fertilização in vitro.

      É hora de agendar uma consulta para trabalhar junto com o especialista em Reprodução Assistida. Estaremos aqui para conversar com você sobre endometriose e infertilidade.

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