Sua Jornada
Congelamento de Óvulos
Você já passou dos 33 anos e deseja ter filhos? Ou essa ideia ainda está muito distante da sua realidade?
Seja qual for a sua razão, você está aqui porque está querendo saber um pouco mais sobre congelamento de óvulos. O assunto requer uma discussão cuidadosa. A decisão de congelar ou não óvulos – e quando fazer isso – nem sempre é fácil.
O que é o congelamento de óvulos?
Também conhecido como criopreservação de oócitos, o congelamento de óvulos envolve a coleta dos óvulos de uma mulher e seu congelamento para que ela possa tentar a gravidez, posteriormente, por meio de fertilização in vitro (FIV).
É uma forma de preservar a fertilidade da mulher para que ela possa formar uma família no futuro, quando as chances de concepção natural ou por Reprodução Assistida podem ser menores em função da idade, que afeta o potencial reprodutivo dos óvulos.
Bom lembrar que a mulher nasce com todos os óvulos que ela terá ao longo de toda a vida e, com o tempo, eles diminuem em número e em qualidade. Esse declínio explica por que uma mulher na faixa dos 40 anos tem apenas 5% de chance de engravidar a cada mês e seus óvulos têm uma chance maior de aneuploidia (alterações cromossômicas).
Além de preservar a fertilidade de mulheres que não estão em condições de engravidar imediatamente – congelamento eletivo ou social – , o procedimento também preserva a fertilidade de mulheres por razões médicas – congelamento por indicação médica e de urgência – como o tratamento do câncer.
Congelamento Eletivo ou Social
Congelamento por Razões Médicas
A preservação da fertilidade feita por indicação médica ou de urgência. Os casos mais frequentes são de pacientes com câncer, que vão ser submetidas à quimioterapia e radioterapia, tratamentos que depletam de forma abrupta a reserva ovariana. Outro exemplo é o caso de paciente que vai fazer cirurgia para endometriose, principalmente se tiver endometriomas.
A reserva ovariana ou o relógio biológico feminino
A mulher nasce com cerca de 1 a 2 milhões de óvulos. Na idade da menarca, a primeira menstruação da mulher, essa reserva já caiu para quase 400 mil, ou seja, mais da metade desse estoque já se foi sem nem mesmo a mulher ter tido a oportunidade de engravidar.
Aos 30 anos, resta apenas 12% dessa reserva, aos 35 anos, 5% e, aos 40 anos, apenas 3% restou. Quando há o esgotamento, temos a menopausa, em geral ao redor dos 50-51 anos.
O relógio biológico da mulher funciona assim, aceleradamente… Em cada ciclo menstrual, cerca de mil óvulos são perdidos para que apenas um seja ovulado. Esse consumo natural e fisiológico dos óvulos leva a uma queda constante da reserva ovariana.
Além da redução quantitativa da reserva ovariana, é importante saber que há também o aspecto qualitativo dessa reserva. A qualidade dos óvulos piora à medida que a mulher envelhece.
Sim, os óvulos envelhecem junto com a mulher. Esse processo se intensifica muito após os 35 anos. Uma mulher de 42 anos, por exemplo, pode ter uma boa quantidade de folículos nos seus ovários, mas esses óvulos serão de baixa qualidade.
E o que significa ser de baixa qualidade? Significa que possuem baixa capacidade de gerar bons embriões, embriões cromossomicamente, geneticamente normais, o que vai dificultar atingir gravidez e vai aumentar o risco de abortamento.
Sim, o abortamento aumenta com a idade. A chance de uma mulher de menos de 35 anos engravidar é de cerca de 25% por mês. Aos 40 anos, essa chance cai para 5% ao mês. Quanto ao abortamento, mulheres abaixo de 35 anos têm menos de 20% de chance de abortar. Aos 40 anos, esse número sobre para 40% e, aos 45 anos, para 80%.
Todas as mulheres deveriam ter acesso a essas informações no momento correto, que seria no início da vida reprodutiva. O planejamento reprodutivo deve ser encarado como essencial na vida da mulher. E o congelamento de óvulos deve ser considerado, caso a maternidade seja postergada.
Avaliação da reserva ovariana
Falar sobre congelamento de óvulos é falar sobre reserva ovariana. Toda mulher que considera fazer um tratamento de congelamento de óvulos deve ter sua reserva ovariana adequadamente avaliada.
Atualmente, temos duas principais ferramentas para avaliação da reserva ovariana do ponto de vista quantitativo: contagem de folículos antrais e hormônio antimulleriano.
A contagem de folículos antrais é uma ultrassonografia em que se avalia o número de folículos pequenos, folículos antrais, nos ovários, que são os folículos que começam a onda folicular daquele ciclo e que crescem na estimulação ovariana. Geralmente, essa contagem é feita nos primeiros dias do fluxo, nos primeiros cinco dias do ciclo menstrual.
O hormônio antimulleriano (o AMH) é a segunda ferramenta de grande valor para que possamos avaliar a reserva ovariana. Ele pode ser coletado em qualquer momento do ciclo menstrual, a qualquer hora do dia.
A avaliação da reserva ovariana é super importante para que se possa aconselhar a paciente com maior precisão quanto ao que ela pode esperar da sua jornada no tratamento de congelamento de óvulos: quantos óvulos esperar, meta de óvulos maduros a serem alcançados, número de ciclos esperados.
Razões para se indicar um FIV
Idade ideal para congelar os óvulos
Para a maioria das mulheres, a idade de 30 anos representa o pico da fertilidade. Embora os óvulos possam continuar a ser recuperados e congelados depois disso, a maioria dos especialistas em Reprodução Assistida não encoraja o congelamento de óvulos para mulheres na faixa dos 40 anos.
Entenda o processo de congelamento
Engana-se quem pensa que o tratamento de congelamento de óvulos começa na estimulação dos ovários. O tratamento deve começar antes com uma boa avaliação do caso e indicação correta de protocolo e estratégia.
Uma história clínica bem completa deve ser tirada, contemplando principalmente os antecedentes pessoais, ginecológicos, padrão do ciclo menstrual e fatores de risco para uma reserva diminuída, como cirurgias ovarianas anteriores, história de endometriose, uso de quimitoterápico prévio, história familiar de menopausa precoce.
Um exame físico adequado e uma ultrassonografia para avaliação de útero e ovários são fundamentais. Exames geralmente são solicitados, incluindo perfil hormonal, sorologias, e exames de reserva ovariana.
Sim, a avaliação da reserva ovariana é ponto crucial da consulta para o congelamento de óvulos.Atualmente, temos duas principais ferramentas para avaliação da reserva ovariana: a contagem de folículos antrais e o hormônio antimulleriano.
A contagem de folículos antrais é uma ultrassonografia em que se avalia o número de folículos pequenos, folículos antrais, nos ovários, que são esses folículos que crescem com a estimulação ovariana.
Geralmente essa contagem é feita nos primeiros cinco dias do ciclo menstrual. No primeiro ultrassom da primeira consulta já podemos fazer essa contagem. Se não for o momento oportuno do ciclo, agendamos outra consulta no fluxo para avaliação.
O hormônio antimulleriano é a segunda ferramenta de grande valor para que possamos avaliar a reserva ovariana. Ele pode ser coletado em qualquer momento do ciclo menstrual, qualquer hora do dia. Se a paciente usar pílula anticoncepcional, idealmente após pelo menos 2-3 meses de suspensão.
Resumindo, a indicação do congelamento de óvulos está totalmente atrelada à reserva ovariana, e a avaliação dessa reserva é essencial antes de se pensar em qualquer tratamento.
A segunda etapa do tratamento de congelamento de óvulos é a estimulação ovariana, que se inicia geralmente nos primeiros quatro dias do fluxo menstrual. A mulher vai usar hormônios para estimular seus ovários para que eles desenvolvam múltiplos folículos, diferente do que acontece todo mês, em que apenas um cresce.
A estimulação ovariana é feita por meio de medicamentos subcutâneos aplicados diariamente, associados ou não a medicamentos por via oral. Há diferentes protocolos na literatura, mas basicamente temos que usar nessa fase os medicamentos que fazem o crescimento dos folículos, o estímulo propriamente dito e outros que fazem o bloqueio da ovulação, ou seja, que impedem a ovulação.
Vamos monitorando o crescimento desses folículos ovarianos por meio de ultrassonografias transvaginais (cerca de 2-3 nesse período de estímulo). Quando eles atingem o tamanho ideal, o que geralmente ocorre após 10-12 dias de estímulo, administramos um último medicamento para a maturação final dos óvulos e agendamos a aspiração folicular.
A aspiração ou captação folicular é um procedimento feito no centro cirúrgico do laboratório de embriologia, onde a paciente recebeu uma sedação, uma anestesia geral leve.
A aspiração trata-se de um procedimento relativamente simples. Em geral, em menos de 20 minutos a aspiração folicular já terminou.
É feito um ultrassom, igual àquele realizado em consulta, mas acoplamos ao probe um guia e uma agulha comprida, que vai perfurar o fundo de saco vaginal e chegar nos ovários. Lá, cada bolinha preta é aspirada.
Essa agulha é acoplada a um sistema de sucção, e conforme o folículo é perfurado, o líquido intrafolicular é sugado e o óvulo é carregado junto com esse líquido. Esse líquido vai sendo coletado em tubos e entregue ao embriologista, que vai ali mesmo contar e ver quantos foram recuperados ou aspirados.
Os óvulos são extraídos dos folículos em laboratório, aproximadamente duas horas após a coleta. Em seguida, os embriologistas limpam as células ao redor dos óvulos e os congelam pela técnica de vitrificação, técnica de congelamento rápido. Então, eles são levados em tanques de nitrogênio líquido e lá podem permanecer por anos.
Os óvulos são criopreservados em nitrogênio líquido por tempo indeterminado até que você decida usá-los. A boa notícia é que eles terão a mesma idade que você tinha quando os congelou. No futuro, se você precisar deles, poderá usá-los com o auxílio da fertilização in vitro.
Efeitos colaterais
- Mudanças de humor;
- Ondas de calor;
- Dores de cabeça;
- Náuseas.
- Inchaço;
- Cólica;
- Dor em grau moderado.
Número de óvulos congelados
Cada mulher deve ser avaliada, principalmente em relação à sua reserva ovariana, para planejar quantos folículos e quantos óvulos podem ser desenvolvidos durante a estimulação ovariana, permitindo o congelamento de um número adequado para cada paciente.
Evidentemente,quanto mais óvulos congelados, maiores são as chances de gravidez no futuro.
Como utilizar o material criopreservado
Riscos do congelamento
Tempo de armazenamento
Chances de ter um bebê
O congelamento de óvulos é um procedimento relativamente novo, serão necessários mais dados para se ter uma ideia melhor das suas taxas de sucesso.
Até agora, já sabemos que dois fatores são essenciais na determinação da probabilidade de um bebê nascido vivo: a idade da mulher no momento do congelamento e o número de óvulos que ela congelou.
Saúde dos bebês
Além disso, os resultados do estudo não mostraram taxas aumentadas de defeitos cromossômicos entre embriões derivados de óvulos congelados em comparação com embriões derivados de óvulos frescos.
Em 2014, um outro estudo mostrou que as complicações na gravidez não aumentaram após o congelamento de óvulos.
Temos registros de mais de 300.000 crianças em todo o mundo que nasceram de embriões congelados sem aumento de defeitos congênitos.
Embora esses dados sejam tranquilizadores, serão necessários muitos anos de acompanhamento para garantir que os bebês nascidos da tecnologia de congelamento de óvulos não tenham taxas mais altas de defeitos congênitos do que os concebidos por outros meios.
Dúvidas sobre congelamento de óvulos
Não existe resposta certa ou errada aqui. A mulher deve tomar esta decisão sobre a preservação da sua fertilidade contando com apoio do especialista em Reprodução Assistida e levando em conta os seus objetivos de vida.
O congelamento de óvulos é mais interessante para mulheres que não têm parceiro e desejam postergar a gestação, aumentando a chance de engravidar no futuro, seja com um futuro parceiro ou optando por uma maternidade solo.
Já o congelamento de embriões é indicado para mulheres em relacionamento estável que precisam adiar a gestação por alguma razão. Uma questão que não deve ser ignorada no congelamento de embriões é que eles pertencem ao casal e, havendo separação no futuro, ou falecimento de um dos cônjuges, será necessário consentimento por escrito e formal para uso do material genético.
Por tudo o que falamos até aqui, você já sabe que óvulos congelados não são garantia de um bebê no futuro.
Orientamos sempre que a mulher que deseja ser mãe deve começar a tentar conceber assim que ela se sentir “pronta”.
Pois, além de pensar nas taxas de sucesso do uso de óvulos congelados, a mulher também deve entender os potenciais riscos médicos e as preocupações psicossociais de uma maternidade tardia.
Não há nenhum impacto negativo do congelamento de óvulos nas chances de gravidez no futuro, nem na reserva ovariana.
A segunda etapa do tratamento de congelamento de óvulos é a estimulação ovariana, que consiste na otimização do pool de folículos.
Ou seja, aspiramos os óvulos dos folículos que iriam se degenerar naquele mês se não tivessem sido estimulados, afinal, só um cresceria, e todos os outros se degenerariam.
Ficou claro então que o tratamento não compromete a reserva de forma alguma?
Ele só impacta na onda que já iria se degenerar, ou seja, seria descartada pelo organismo, naquele ciclo.
A fertilização in vitro (a FIV) e o congelamento de óvulos são tratamentos diferentes. As fases de estimulação ovariana e aspiração folicular são praticamente as mesmas para o congelamento de óvulos e a FIV. A diferença acontece após a aspiração e obtenção dos óvulos. Enquanto no primeiro esses óvulos são vitrificados poucas horas após a coleta (técnica de congelamento rápido) e o processo termina, na FIV esse processo continua. Os óvulos são fertilizados em laboratório pelos espermatozoides, embriões são formados e evoluem em incubadora por até 6 dias para a transferência imediata ou para congelamento e uso posterior. Com o congelamento de óvulos, você termina o processo após a captação do óvulo, não há a formação de um embrião nesse momento, porque o objetivo é simplesmente preservar seus óvulos não fertilizados para o futuro. Essa etapa da fertilização in vitro vai acontecer no futuro, quando você quiser engravidar.
Sim, você precisará parar de tomar o anticoncepcional hormonal durante o período de estimulação ovariana.
Geralmente pedimos que, se possível, esses anticoncepcionais sejam suspensos um ou dois meses antes da estimulação ovariana.
Feita a aspiração, no ciclo seguinte, a anticoncepcional já pode ser retomado.
Os DIUs podem permanecer no lugar onde estão durante todo o processo de congelamento dos óvulos. Isso vale para o DIU não hormonal (cobre/prata) e também para o DIU hormonal (Mirena/Kyleena).
E como a captação dos óvulos é feita por meio de uma agulha que atravessa a parede da vagina e atinge apenas os ovários, não há chance de o DIU atrapalhar.
Mas e se você está com um DIU hormonal (Mirena) que te levou à amenorreia, ou seja, você não menstrua mais? Não tem problema algum.
Fazemos acompanhamento com ultrassonografia transvaginal para contar os folículos e iniciar estímulo ovariano no momento oportuno, com uma corte de folículos homogênea e em bom número.
O número de ciclos que você vai fazer depende da sua reserva ovariana e de quanto de chance de ter bebê no futuro você quer atingir.
Em geral, se você é mais jovem, sua reserva ovariana vai estar mais preservada do ponto de vista quantitativo e qualitativo, ou seja, em uma primeira coleta você pode conseguir um bom número de óvulos que, por sua vez, são de boa qualidade por causa da sua idade, e é possível que com uma coleta você se sinta confortável com o número de óvulos final.
Na maioria das vezes, mulheres mais jovens, menos de 35 anos, atingirão seu objetivo de congelamento de óvulos em apenas uma tentativa, enquanto as mulheres mais velhas provavelmente precisarão realizar mais de um ciclo de congelamento de óvulos para atingir seu objetivo, já que elas conseguirão em um único ciclo um número menor de óvulos, que ainda terão qualidade mais comprometida.
Os óvulos ficam armazenados no laboratório de embriologia onde a aspiração aconteceu.
Após a coleta dos óvulos e análise de maturidade deles, os maduros são vitrificados (uma técnica de congelamento rápido) e são inseridos dentro de palhetas, uma instrumento que têm a forma de canudo.
Essas palhetas são inseridas dentro de tanques de nitrogênio e lá ficam por período indeterminado.
Geralmente a menstruação vem antes do esperado, e vai depender da medicação final para maturação dos óvulos, o trigger.
Se realizado o trigger com uma classe de medicação chamada agonista do GnRH, geralmente a menstruação vem em uns 5 dias após a coleta dos óvulos, ou seja, bem antes do esperado para o fluxo normal.
Já, se foi feito o hCG, essa menstruação pode vir um pouco depois, uns 10 dias após a coleta, mas mesmo assim ainda antes do esperado.
Importante dizer que os ciclos seguintes já costumam vir com a regularidade normal.