Síndrome de Hiperestimulação Ovariana: o que é
Durante a fertilização in vitro (FIV), realizada em clínicas especializadas em reprodução assistida, a estimulação ovariana é uma das fases que consiste em estimular o crescimento folicular e aumentar a produção de óvulos que serão utilizados na formação de embriões.
Em alguns casos, os medicamentos podem causar um tipo de complicação conhecido como síndrome de hiperestimulação ovariana (SHO). Ou seja, trata-se de uma reação excessiva do organismo da mulher aos hormônios injetados durante o tratamento.
A SHO pode ser leve, moderada ou grave. Mas, com o acompanhamento adequado e identificação de fatores de risco é possível evitá-la. Por esse motivo, mulheres que serão submetidas a FIV devem obter todas as informações necessárias e entender o que é e quais os sintomas dessa síndrome.
Síndrome de hiperestimulação ovariana: o que é e quais os sintomas
A síndrome de hiperestimulação ovariana é desencadeada pelo aumento excessivo de estradiol no organismo. Há então aumento no volume dos ovários e fatores que aumentam a permeabilidade vascular, o que leva a extravasamento de líquido para fora dos vasos, acúmulo de líquido no abdômen, inchaço e dores abdominais. Além dessas alterações, altas concentrações de estrogênio aumentam as chances de eventos tromboembólicos (trombose venosa profunda e tromboembolismo pulmonar).
Com os protocolos mais modernos, a Síndrome de Hiperestímulo Ovariano é completamente evitável. Tudo começa com a identificação de fatores de riscos nas primeiras consultas, antes de iniciar a estimulação ovariana para FIV. Os principais fatores de risco são:
- Reserva ovariana alta;
- Mulheres com menos de 30 anos;
- Contagem de folículos antrais maior do que 15;
- Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP);
- Síndrome de Hiperestímulo em estímulos anteriores;
- Uso de HCG para maturação final dos óvulos (não utilizado em casos de risco).
Ao identificar os fatores de risco, o protocolo padrão utilizado para evitar a SHO, é a maturação final dos óvulos com agonista de GnRH, congelamento dos embriões e transferência embrionária em ciclo posterior.
O uso de hCG (gonadotrofina coriônica) em casos de risco aumenta muito as chances de SHO. O HCG age no organismo e demora cerca de 7 dias para se depurar do organismo. Isso faz com que as taxas de estrogênio aumentem muito, desencadeando a Síndrome de Hiperestímulo. Os principais sintomas da SHO são:
- Inchaço;
- Náuseas e vômitos;
- Desidratação;
- Trombose;
- Dores abdominais;
- Alterações sanguíneas;
- Aumento do tamanho dos ovários;
- Distensão e desconforto no abdômen;
- Ascite (aumento de líquido no abdômen);
- Derrame pleural (acúmulo de líquido nos pulmões).
Durante a estimulação ovariana realizada antes da fertilização in vitro, inseminação artificial ou coito programado, a SHO pode durar cerca de 7 a 10 dias. No entanto, nos casos em que a síndrome de hiperestimulação dos ovários é decorrente da gestação, os sintomas podem persistir por mais tempo.
Como tratar a síndrome de hiperestimulação ovariana?
Como já foi dito, existem alguns fatores de risco para o desenvolvimento da síndrome: mulheres com menos de 30 anos, síndrome dos ovários policísticos, contagem de folículos antrais (CFA) elevada, altos níveis de hormônio anti-mülleriano, histórico anterior de SHO. Essas características devem ser identificadas antes de iniciar a FIV.
Já o tratamento da SHO pode variar considerando uma avaliação individualizada de cada paciente, assim como o grau da síndrome e os sintomas apresentados.
Neste sentido, a realização periódica de exames de ultrassom para medir o tamanho dos ovários e a presença de líquido no abdômen é imprescindível. Da mesma forma, exames de sangue também são importantes para avaliar alterações causadas pela síndrome.
O médico pode recomendar que a paciente diminua as atividades físicas e aumentar a ingesta de líquidos, assim como uma dieta rica em proteínas. Náuseas, vômitos e dores abdominais podem ser controlados com a ministração de medicamentos. A drenagem do líquido no abdômen pode ser necessária para alívio do desconforto abdominal, por exemplo.